Muitas
vezes, embora os ensinamentos que a Doutrina Espírita nos oferece, chegamos a
pensar que o Mundo Espiritual é algo etéreo, fluido, sem nenhuma constituição
material. Esse pensamento advém dos conceitos errôneos, desta e de outras
vidas, que trazemos de outras religiões a respeito do “céu”.
Vejamos
alguns trechos sobre “parto” na espiritualidade:
Ao fazer um
atendimento, juntamente com Oscar, a uma senhora desencarnada, que tentava
libertar-se dos liames perispirituais, sem conseguir, debatendo-se muito
angustiada, Miranda deu-se conta de que ela desencarnara em adiantado estado de
gestação, mantendo junto a si a presença do Espírito-feto, que se encontrava
adormecido após a morte orgânica, todavia imantado ao corpo da mãe. Inseguro
quanto ao que deveria fazer solicitou a ajuda do mentor que, ao constatar o
quadro sugeriu que deveriam primeiramente adormecer a gestante, para depois
realizarem o parto (Transição Planetária, Manoel P. de Miranda).
A cena que
se seguiu bem que poderia ser denominada de “parto espiritual”. Com a palavra o
amigo Miranda: Dr. Charles pediu a Ana que atendesse ao filhinho, enquanto ele
aplicava recursos especiais na área do chacra coronário do pequenino, diluindo
a energia densa que se foi alterando, mudando de tonalidade e de formato até
diluir-se como um fio que se esgarça, sendo separadas totalmente as fibras de
energia que os uniam.
Nesse
comenos, observamos que a gestante movimentou-se, embora adormecida, e expeliu
uma espessa massa informe, como se fora o parto. Logo nos demos conta que se
tratava da condensação mental de ambos, filho e genitora, acumulada no útero,
em cujo claustro desenvolvia-se a gestação. A partir desse momento, o seu sono
tornou-se tranquilo, sendo encaminhado por Ana pra uma das áreas especiais e dali
seria levado para uma comunidade infantil. Vários aspectos desse caso merecem
algumas reflexões.
Pessoalmente
sempre me comoveram as desencarnações violentas e traumáticas de mulheres em
gestação. Ficava a conjecturar qual seria o atendimento à gestante e ao
Espírito a ela ligado, no processo reencarnatório que não chegara a termo.
Perguntava-me como ficariam esses Espíritos, passando por essa experiência
dolorosa. Sentiriam a própria morte e daquela que lhe seria mãe? E em relação a
esta, por sua vez passaria igualmente por esse mesmo processo? Como se daria o
desligamento entre ambos?
As
indagações ficavam sem respostas, porém, muitas suposições ocorriam aos
estudiosos dessa área, todos buscando as explicações sempre elucidativas da
Doutrina Espírita e dentro da lógica notável a que nos habituamos. Ao mesmo
tempo aguardávamos as orientações dos benfeitores espirituais, sempre trazendo
elucidações avançadas, adiante do tempo.
Eis que o
próprio Manoel Philomeno de Miranda traz a lume uma excelente obra, “Painéis da
Obsessão” (1983), de sua autoria espiritual, em que relata um fato
extraordinário, que eu denominei de “cesariana realizada no plano espiritual”.
Devido exatamente a esse caso, escrevi um artigo com esse título, publicado na
revista “O médium” de Juiz de Fora, no bimestre de março/abril de 1985.
Embora
existam diferenças entre as duas ocorrências, a da gestante desencarnada pelo
tsunami (Transição Planetária) e a que está no livro citado acima, existem
pontos semelhantes que, sobretudo, atestam a misericórdia divina que atende a
todas as criaturas, conforme seus méritos, suas necessidades, ao arbítrio das
Leis Divinas. Para que os leitores e leitoras se instruam com o caso em pauta,
transcrevo aqui os pontos principais, conforme meu artigo.
O autor
narra, pois, no livro “Painéis da Obsessão”, acima citado, no capitulo 16, a
desencarnação de uma senhora em adiantado estado de gravidez, em um desastre
provocado por obsessores. A cena é chocante como chocante são os acontecimentos
do passado que culminaram na sua morte e na morte do filhinho na presente
reencarnação. Miranda relata o atendimento e o socorro espiritual que
receberam.
Embora não
fosse possível evitar ou desviar o curso da trama dos obsessores, em razão dos
débitos passados e do comportamento do presente, mãe e filho tiveram a proteção
espiritual que fizeram por merecer. A gestante, sem se dar conta do desastre,
após ser liberada juntamente como filhinho dos liames carnais, passou a sentir
dores sendo, então, conduzida para o centro cirúrgico de um hospital na esfera
extrafísica. Adormecida foi submetida a uma “cesariana”, tal qual conhecemos na
Terra e o recém-nascido foi colocado no leito ao seu lado.
Surpreso,
Miranda recebe a explicação do fato por meio da palavra de um de seus instrutores
na referida obra, o Dr. Lustoza, que esclarece: (…) em muitos casos de
gestantes acidentadas, em avançados meses de gravidez, em que ocorre, também, a
desencarnação do feto, é de hábito nosso, quando as circunstâncias assim nos
permitem, proceder como se não houvesse sucedido nenhuma interrupção da vida
física.
Em primeiro
lugar, porque o Espírito, em tais circunstâncias, quase sempre já se encontra
absorvido pelo corpo que foi interpenetrado e modelado pelo perispírito, no
processo de reencarnação, merecendo ser deslindado por cirurgia mui especial
para poupar-lhe choques profundos e aflições várias, o que não se daria se
permanecesse atado aos despojos materiais, aguardando a consumpção deles.
É muito
penoso este período para o ser reencarnante, que pelo processo da natural
diminuição da forma e perda parcial da lucidez, é colhido por um acidente deste
porte e não tem crédito para a libertação mais cuidadosa. Quando isto se dá, os
envolvidos são, quase sempre, irmãos calcetas, inveterados na sandice e na
impiedade que sofrem, a partir de então, demoradamente, as consequências das
torpezas que os arrojam a esses lôbregos sítios de tormentos demorados.
No caso em
tela, o pequenino se desenvolverá como se a reencarnação se houvera completado,
crescendo normalmente, participando das atividades compatíveis aos seus vários
períodos em Institutos próprios, que os amigos conhecem. Outros esclarecimentos
são prestados pelo Dr. Lustoza, mas convém encerrar por aqui, com as palavras
de Miranda, em uma reflexão pessoal: Vivendo ainda muito próximos dos
interesses humanos e considerando ser a vida física uma cópia imperfeita da
espiritual, compreender-se-á que, nesta última se encontram todos os elementos
da primeira, embora a recíproca não seja verdadeira. (Painéis da Obsessão)
Essa frase
de Philomeno de Miranda sintetiza perfeitamente a premissa básica de todos os
temas concernentes à conduta do ser humano, da sua vida prática, especialmente
no âmbito material, tratados à luz do Espiritismo. Que fique bem claro: tudo o
que existe na Terra, como obra do homem, é uma cópia imperfeita do que existe
no mundo espiritual.
Portanto, a
ciência, por mais avançada e por maiores conquistas que apresente nada mais
expressa do que a realidade preexistente na esfera espiritual, o mesmo sucede
em relação a invenções, descobertas, progresso da medicina, ideias “novas” que
surgem etc.
Suely Caldas
Schubert-KARDEC RIO PRETO