Planejamento familiar: aqui na Terra
muito se fala em torno desse tema, ressaltando a sua importância. O que muitos
ignoram, no entanto, é que antes mesmo de um casal reencarnar, há Guias
Espirituais encarregados de levá-lo a conhecer os futuros filhos e que, juntos,
traçam planos e metas que todos deverão se esforçar por alcançar, com vistas à
evolução espiritual de cada um. Isso é o que nos assegura a Doutrina Espírita.
A mentora Joanna de Ângelis, em sua
obra Constelação Familiar, lembrando tal fato, explica que ele se deve a
deveres inadiáveis dos futuros pais. “Consultados os mapas das
responsabilidades pessoais, são-lhes apresentados pelos Guias Espirituais
aqueles que deverão constituir lhes a prole e lhes proporão a pauta para o
processo de crescimento espiritual, no qual todos deverão atingir as metas que
perseguem”. Programas e projetos; pautas e metas. Responsabilidades pessoais.
As expressões são bem claras e não deixam dúvidas de que os espíritos que, em
cada nova encarnação, vêm ao plano terreno para viverem em uma determinada
família, o fazem obedecendo a uma orquestração que se iniciou muito antes do
próprio nascimento de todos eles, sob a chancela de um Guia Espiritual.
Somente naqueles casos em que, por
total irresponsabilidade, há uma gravidez indesejada, é que tal planejamento
não existe. São, em geral, situações em que predominam o sexo desregrado,
ligado apenas ao mundo das sensações, sem nenhum comprometimento com filhos que
possam advir de relações fortuitas. Mas, mesmo assim, como não existe acaso,
pelas leis que regem o Universo sempre haverá a sintonia vibratória que fará
reunir na mesma faixa de pensamento espíritos afins, ensejando, assim, que se
atenda às necessidades de evolução dos envolvidos.
Se há um ordenamento prévio na
constituição da família, conduzido por mãos de Protetores Espirituais, era de
se esperar que os pais honrassem os compromissos assumidos e, ao final de cada
jornada, pudessem sair vitoriosos, tanto em relação a si próprios quanto a seus
filhos.
No entanto, sabemos que muitos são os
fatores que impedem que assim seja. Imaturidade dos genitores; fraqueza moral
que os faz desistir da vida em comum ante obstáculos perfeitamente
contornáveis; dificuldades em resistir aos apelos do prazer e dos vícios, são
alguns deles. A esta lista podemos acrescentar a figura de pais que transferem
para os filhos suas frustrações, neles projetando ambições não desejadas,
sonhos não sonhados, tornando-os, por vezes, fracassados e infelizes. Ou de
mães vaidosas que adornam seus filhos de maneira exagerada, exibindo-os como
troféus, sem se preocuparem em tornarem formosos seus espíritos.
Se do ponto de vista dos pais há
esses e outros fatores que dificultam o cumprimento dos projetos traçados no
além, também por parte dos filhos encontramos explicações para o insucesso na
conquista dos alvos idealizados.
Apesar das metas traçadas, visando
aos processos de reparação ou aprendizagem de todos os envolvidos, não podemos
nos esquecer de que somos todos espíritos dotados de livre-arbítrio. Muitas
vezes, diante da realidade e de situações amargas que a vida impõe ao espírito,
ele recua e busca se afastar do seu núcleo familiar, rompendo as relações
estabelecidas. Sente que não se acha, ainda, preparado. É possível que nessas
situações, especialmente quando há resgates sérios envolvendo figuras parentais
ou com os irmãos, os sentimentos de rejeição e animosidade afloram do
inconsciente, tornando a convivência muito difícil.
Guardando, porém, a certeza de que
todas as circunstâncias que nos envolvem fazem parte do esquema que aceitamos
para o nosso progresso, fica mais fácil suplantar as barreiras que, em dado
momento, nos parecem intransponíveis. Esse conhecimento poderá nos ajudar a
olhar com mais indulgência e boa vontade para essa ou aquela pessoa da família
que nos afigura insuportável, pensando que renascemos para superar as guerras íntimas
do passado. E a família, neste particular, tem verdadeira função terapêutica.
Santo Agostinho, no livro O Evangelho
Segundo o Espiritismo, ao abordar o tema dos desajustes familiares,
especialmente os que se dão em torno das relações pais e filhos, aconselha que
o melhor caminho é pensar que, em vidas passadas, um dos dois errou muito. Se
nessa díade, somos aqueles que já viveram mais e acumularam mais experiência,
talvez seja mais razoável que assumamos a autoria dos erros, ao invés de
imputá-la a nossos filhos.
Podemos ser felizes vivendo junto aos
nossos familiares. A família é bênção que o Pai nos oferece, em cada nova
encarnação, para que aprendamos a nos amar verdadeiramente. Tudo depende de
nós.
Bibliografia:
Joanna de Ângelis. Constelação
familiar. Psicografado por Divaldo Franco – Editora Leal, 2018.
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