Que se deve entender por purgatório?
Resposta: Dores físicas e morais: o
tempo da expiação. Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que
Deus vos obriga a expiar as vossas faltas. (Questão 1013)
O purgatório não está na Bíblia, foi
criado pelo catolicismo para resolver um problema teológico: a salvação.
O purgatório para eles seria uma
região no Além onde estagiam as almas que, embora arrependidas e “na graça de
Deus”, ou seja, por se submeterem a sacramentos religiosos (batismo, crisma,
etc.), não são suficientemente puras para elevarem-se ao Céu, nem tão ruins
para merecerem o inferno. Morrem abençoadas, mas não perdoadas.
Em torno dessa idéia central criou-se
toda uma mitologia, com crendices que circulou durante a Idade Média, servindo
de instrumento para exploração da ingenuidade popular.
Como o catolicismo pregava que aquele
que fosse para o inferno de lá não sairia mais (penas eternas), o purgatório
seria a região onde os, nem tão bons e nem tão ruins, teriam a chance de serem
julgados para ver se iriam para o céu ou para o inferno. E o critério para este
julgamento estava nas mãos dos parentes aqui na Terra. Assim foi criado a
Doutrina das Indulgências que permitia às famílias abastadas (ricas) promover a
transferência de seus mortos do purgatório para o céu, mediante a doação de
largas somas de dinheiro às organizações religiosas. Quem adquirisse
“relíquias” (supostamente parte do corpo de um santo – osso, dente, cabelos,
unhas – ou qualquer objeto que tenha usado ou que tocou seu cadáver), compradas
a peso de ouro, o efeito seria mais seguro.
As “relíquias” prestavam-se a
vergonhosas fraudes. Como poderiam os fiéis saber se eram autênticos pedaços da
cruz onde foi sacrificado Jesus, os cabelos de Pedro, as sandálias de Paulo ou
as pedras que imolaram Estevão?
No folclore religioso existe até
mesmo a idéia de que é interessante pedir ajuda às almas do purgatório para
resolver nossas dificuldades, pois estas estariam sempre dispostas a nos ajudar,
a fim de acumularem méritos suficientes para se livrarem de suas penas.
As “penas eternas” é uma aberração
teológica incompatível com a justiça e a misericórdia de Deus. Se o
arrependimento no momento da morte livra o indivíduo do inferno, levando-o ao
purgatório, por que Deus não perdoaria os impenitentes que encontram-se no
inferno? Afinal, a experiência demonstra que, ante sofrimentos prolongados,
mesmo os indivíduos mais rebeldes acabam modificando suas disposições.
ENTÃO, O QUE É PURGATÓRIO PARA OS
ESPÍRITAS?
Então, nós espíritas, entendemos por
purgatório, as dores físicas e morais: o tempo da expiação. Tempo onde
carregamos as cruzes confeccionadas por nós ao transgredirmos as leis divinas.
Quase sempre, é na Terra que fazemos o nosso purgatório, ou seja, que expiamos
(resgatamos) as nossas faltas. Purgatório significa purgação, purificação. O
purgante é o remédio que limpa o organismo. E as dores e aflições é o purgante
que limpa a alma das transgressões à Lei Divina. Podemos dizer que, o caminho
mais rápido e seguro entre o purgatório e o Céu, é “O PRÓXIMO”. Na medida em
que estivermos dispostos a respeitar, ajudar, compreender e amparar aqueles que
nos rodeiam, seja o familiar, o colega de serviço, o amigo, o indigente, o
doente, estaremos habilitando-nos à felicidade, contribuindo para que ela se
estenda sobre o Mundo. Portanto, não nos elevaremos se não tivermos dispostos a
auxiliar os companheiros que conosco estagiam no purgatório terrestre.
Fonte: - Richard Simonetti
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