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domingo, 20 de agosto de 2017

“PODEMOS MUDAR NOSSO DESTINO?

Heráclito, filósofo grego, dizia: “A única coisa permanente no universo é a mudança”. A sabedoria do I Ching revela que tudo é mutação. Antoine Lavoisier, considerado o pai da química moderna, por sua vez, afirmava: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Se tudo muda, conforme preconiza a sabedoria milenar, e a nossa trajetória na vida? Temos poder para mudar nosso destino?
O insigne mestre Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores, na questão 860 de O Livro dos Espíritos: “Pode o homem, por sua vontade e por seus atos, fazer que se não deem acontecimentos que deveriam verificar-se?” E recebeu como resposta: “Pode-o, se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na sequência da vida que ele escolheu”.
O que não podemos mudar são os fatos principais da nossa reencarnação, os quais traçamos juntamente com nossos padrinhos espirituais, no momento da escolha da vida que merecemos e precisamos ter. “A cada um será dado segundo suas obras”.
Muitas vezes a doença representa a cura verdadeira para nosso espírito. A dor, o sofrimento, são instrumentos utilizados como filtro para a limpeza das nossas imperfeições.
No livro Contos e Apólogos, no capítulo intitulado, “Dívida e Resgate”, o Espírito Humberto de Campos narra a história de uma senhora rica, que, ao retornar à sua fazenda, às margens do Rio Paraíba, na antevéspera do Natal de 1856, após um ano de entretenimento na Corte, no Rio de Janeiro, é recebida, com sorrisos e gestos humildes, por seus sessenta e dois cativos, que lhe pediam bênçãos, de joelhos:
— Louvado seja Nosso Senhor Jesus-Cristo, sinhá!
— Louvado seja! — acentuava Dona Maria com terrível severidade a transparecer-lhe da voz.
Em um canto recuado, esperando sua vez de cumprimentá-la, pobre moça mestiça sustentava nos braços duas crianças recém-nascidas, sob a feroz atenção de um capataz desalmado. A fazendeira, demonstrando na face e nos gestos o que iria fazer, dirigiu-se a ela, duramente:
— Matilde, guarde as crias na senzala e encontre-me no terreiro. Precisamos conversar.
No grande pátio, já noite, guiadas pelo rude capitão do mato, as duas mulheres dirigiram-se para o rio transbordante. Dona Maria falou:
— Diga de quem são essas duas “crias” nascidas em minha ausência!
— De nhô Zico, sinhá!
— Miserável! — bradou a proprietária poderosa. — Meu filho não me daria semelhante desgosto. Negue essa infâmia!
— Não posso! Não posso!
A patroa encolerizada relanceou o olhar pela paisagem deserta e bramiu, rouquenha:
— Nunca mais verá você essas crianças que odeio...
— Ah! sinhá — soluçou a infeliz —, não me separe dos meninos! Não me separe dos meninos! Pelo amor de Deus! ...
Após muitas ofensas e humilhações à sua cativa, Dona Maria Augusta fez um gesto para seu capataz, que estalou o chicote no dorso da jovem. Esta, indefesa, caiu na corrente profunda do rio.
— Socorro! Socorro, meu Deus! Valei-me, Nosso Senhor! — gritou a mísera, debatendo-se nas águas.
Todavia, daí a instantes, apenas um cadáver de mulher descia rio a baixo, ante o silêncio da noite...
Cem anos passaram...
Na antevéspera do Natal de 1956, Dona Maria Augusta Correia da Silva, reencarnada, estava na cidade de Passa-Quatro, no sul de Minas Gerais. Mostrava-se noutro corpo de carne, como quem mudara de vestimenta, mas era ela mesma, com a diferença de que, em vez de rica latifundiária, era agora apagada mulher, em rigorosa luta para ajudar o marido na defesa do pão. Sofria no lar as privações dos escravos de outro tempo. Era mãe, padecendo aflições e sonhos... Ante a expectativa do Natal, Dona Maria Augusta meditava nos filhinhos, quando a chuva, sobre o telhado, se fez mais intensa.
Horrível temporal desabara na região...
Diante da ex-fazendeira erguia-se um rio inesperado e imenso e, em dado instante, esmagada de dor, ante a violenta separação do companheiro e dos pequeninos, tombou na caudal, gritando em desespero:
— Socorro! Socorro, meu Deus! Valei-me Nosso Senhor!
No entanto, decorridos alguns momentos, apenas um cadáver de mulher descia corrente a baixo, ante o silêncio da noite...
A antiga sitiante do Vale do Paraíba resgatou o débito que contraíra perante a Lei.
Nas questões 258 a 273 de O Livro dos Espíritos, marco inicial do Espiritismo, os Espíritos Superiores nos esclarecem, em um verdadeiro tratado sobre a escolha, como se processa o nosso destino, quanto ao gênero de vida, às particularidades das provas e às expiações.
O sábio e bondoso espírito Emmanuel, em seu livro O Consolador, psicografado pela mediunidade sublimada de Chico Xavier, define, de forma clara, na questão 246, o que significam a provação e a expiação:
“A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime”.
Somos, dessa forma, rebeldes, preguiçosos e criminosos, pois aqui nos encontramos com a missão sublime de evoluir. Esse é o objetivo principal de nossa estada neste mundo classificado, didaticamente, por Allan Kardec, como mundo de expiações e de provas.
Porém, como nos valorizamos muito, alguém pode contestar e dizer: “Não sou criminoso!” Entretanto, na questão 358 da obra basilar da Doutrina Espírita, os Emissários Divinos afirmam: “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus”.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo V, que trata sobre “Causas atuais das aflições”, os Espíritos Superiores escreveram: “Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto. Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis consequências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou.”
Mas, a Lei de Deus não é lei de cobrança inflexível e, sim, de reajuste. Deus é Amor e Justiça. Se fizemos um mal, por pior que seja, podemos atenuá-lo ao infinito das possibilidades, construindo o bem. Se plantamos espinhos nas estradas da vida e retornamos plantando rosas, corrigimos, assim, nossos passos em direção a um novo caminho. Dependendo do quantum de bem que praticarmos, diminuiremos ou dissiparemos completamente nosso erro.
No mundo espiritual, no intervalo das reencarnações, escolhemos, consciente ou inconscientemente, o gênero de provas, de acordo com nossas necessidades e possibilidades adquiridas pela conduta. Entretanto, ao reencarnarmos, não ficamos escravos desse modo de vida, uma vez que as particularidades correm por nossa conta. A todo o instante, podemos escolher a atitude a tomar, como disseram as Entidades Sublimadas: “Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiveram. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal”.
Podemos, dessa forma, atenuar as dificuldades do nosso caminho e ser muito felizes, à proporção do bem que praticarmos, com fé em Deus e a consciência tranquila.
Muita paz!
Fonte- Correio Espírita

Itair Ferreira

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